O futebol brasileiro é repleto de curiosidades fascinantes, e esse esporte tem uma história que vai muito além dos gramados. O Brasil, conhecido como o país do futebol, é o berço de grandes jogadores e momentos inesquecíveis. Neste artigo, vamos explorar 10 curiosidades sobre o futebol brasileiro que vão te surpreender, tanto no masculino quanto no feminino.
1. O Primeiro Jogo de Futebol no Brasil (1895)
O futebol brasileiro teve seu pontapé inicial em 1895, quando o primeiro jogo foi disputado em um campo improvisado na Várzea do Carmo, no bairro do Brás, em São Paulo. Os participantes foram funcionários da São Paulo Railway Company e da San Paulo Gas Company, que se enfrentaram em uma partida histórica. Esse jogo marcou o início da popularização do futebol no Brasil.
O grande responsável por essa transformação foi Charles Miller, conhecido como o pai do futebol brasileiro. Nascido no Brás, em 1874, ele estudou na Inglaterra, onde teve contato direto com as regras do futebol moderno. Miller trouxe consigo bolas, uniformes e os livros com as regras do jogo. Após seu retorno ao Brasil, em 1894, ele apresentou o futebol para a elite paulista. O esporte logo se espalhou pela cidade e, eventualmente, por todo o país.
A novidade logo chamou atenção. O esporte que começou entre a elite paulistana, não demorou para conquistar operários e outras camadas da sociedade. Com isso, o futebol passou a se espalhar por São Paulo e por outros estados, transformando-se em uma paixão nacional.
A expansão foi tão rápida que, em 1901, São Paulo ganhou seu primeiro estádio: o Velódromo Paulistano. Já em 1902, foi criado o Campeonato Paulista, o primeiro torneio oficial do país. O vencedor? O São Paulo Athletic Club, time em que jogava o próprio Charles Miller.
2. Estreia da Seleção Brasileira: Vitória Contra um Time Inglês
A estreia oficial da Seleção Brasileira masculina de futebol aconteceu em 21 de julho de 1914, no Estádio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Na ocasião, o Brasil enfrentou o clube inglês Exeter City em um amistoso internacional, vencendo por 2 a 0 diante de cerca de 5 mil torcedores entusiasmados.

Embora partidas entre combinados brasileiros já tivessem ocorrido desde 1906, essa foi a primeira vez que o país formou uma equipe nacional oficial, reunindo jogadores de diferentes estados. As partidas anteriores, em geral, contavam apenas com atletas de um único estado ou, em alguns casos, até com jogadores estrangeiros.
Esse jogo, além de ser o primeiro da história da Seleção, também simbolizou o início da construção de uma identidade esportiva nacional. Naquele momento, o Brasil ainda estava começando a se afirmar no cenário esportivo mundial. A partida contra o Exeter City foi um dos primeiros passos para o Brasil se tornar uma potência no futebol, sendo o início de muitas conquistas e grandes jogadores que viriam depois.
3. A Primeira Seleção Brasileira de Futebol: Formação e Desafios
A seleção reuniu atletas dos dois principais centros do esporte no país: Rio de Janeiro e São Paulo. Confira os clubes que cederam jogadores para essa formação histórica:
- Fluminense: Marcos de Mendonça, Oswaldo Gomes
- Botafogo: Rolando, Abelardo
- Flamengo: Píndaro, Nery
- Ypiranga-SP: Friedenreich, Formiga
- São Bento-SP: Sylvio Lagreca
- Paulistano: Rubens Salles
- América-RJ: Osman
Essa escalação não só representava um marco no futebol brasileiro, como também simbolizava a união entre os estados mais ativos no desenvolvimento do esporte. Essa diversidade de clubes foi um passo importante para consolidar uma identidade nacional dentro dos gramados.
4. O Primeiro Gol da Seleção Brasileira de Futebol
O primeiro gol da Seleção Brasileira de Futebol aconteceu em 21 de julho de 1914, quando Oswaldo Gomes balançou as redes no jogo contra o Exeter City. Mais do que apenas um tento no placar, esse gol marcou o início da consolidação do futebol brasileiro como um esporte popular e competitivo.
5. A Primeira Transmissão completa de Futebol no Rádio Brasileiro
Em 19 de julho de 1931, o Brasil viveu um momento histórico: a primeira transmissão completa de um jogo de futebol ao vivo. A Rádio Educadora Paulista levou ao ar a partida entre as seleções de São Paulo e Paraná, com narração de Nicolau Tuma, pioneiro do rádio esportivo nacional.
Antes disso, o público já recebia informações sobre partidas na década de 1920, especialmente no Rio de Janeiro. No entanto, essas transmissões eram limitadas a leitura de telegramas ou relatos feitos após os jogos. Esses métodos informavam, mas não entregavam a emoção do jogo em tempo real.
A cobertura de 1931 mudou isso. Pela primeira vez, os ouvintes acompanharam uma narração lance a lance, com ritmo acelerado, emoção e dinamismo — um formato que ainda influencia as transmissões esportivas atuais.
Enfrentando diversos desafios técnicos e trabalhando sem apoio de comentaristas ou publicidade, Nicolau Tuma inovou com uma narração contínua e vibrante. Sua forma rápida de narrar fez com que ganhasse o apelido de “speaker metralhadora”.
Esse momento não apenas transformou o jeito de acompanhar futebol no rádio, mas também marcou o início do jornalismo esportivo moderno no Brasil, ajudando a tornar o futebol ainda mais popular entre os brasileiros.
📻 Curiosidade extra: Na década de 1930, o locutor Amador Santos precisou narrar o clássico Flamengo e Fluminense, do telhado de um galinheiro aos arredores do estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, por não ter autorização para entrar no estádio, de acordo com o livro “Bastidores do Rádio: Fragmentos do Rádio de Ontem e de Hoje”, do radialista Renato Murce.
6. Fausto dos Santos: O Jogador que Marcou a História ao Lutar pelos Direitos dos Atletas no Futebol Brasileiro
Fausto dos Santos, conhecido como “Fausto, o Maravilha Negra“, brilhou como um dos grandes craques do futebol brasileiro nas décadas de 1920 e 1930. Meio-campista de talento refinado, ganhou destaque pela elegância em campo, força física e inteligência tática. Atuou por clubes como Bangu, Vasco e Flamengo, além de defender a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1930.
Mas Fausto se destacou não apenas pela habilidade com a bola. Ele também entrou para a história ao enfrentar o sistema do futebol da época e lutar por seus direitos como profissional. Durante sua passagem pelo Flamengo, recusou-se a atuar fora da posição original e, como consequência, sofreu um corte de 60% nos rendimentos e acabou afastado da equipe.
Indignado com a situação, contratou a advogada Geysa Bôscoli e processou o clube na justiça comum, em um ato inédito no futebol brasileiro até então. Embora tenha perdido a causa, sua atitude corajosa marcou um momento histórico: foi a primeira vez que um jogador brasileiro buscou o reconhecimento legal dos direitos de um atleta.
Mesmo sem vitória judicial, a ação de Fausto se tornou um marco na luta pela profissionalização e valorização dos jogadores. Até hoje, ele é lembrado não apenas como craque, mas também como símbolo de resistência e precursor na defesa dos direitos dos atletas profissionais.
7. Futebol Feminino Foi Proibido por Décadas
As primeiras referências ao futebol feminino no Brasil surgiram na década de 1920, com registros de partidas disputadas no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Norte. Na época, essas partidas funcionavam mais como apresentações do que como competições legítimas.
Em 1940, jogos realizados no estádio do Pacaembu provocaram uma reação negativa da sociedade. No ano seguinte, em 1941, o governo proibiu o futebol feminino no país. A justificativa usava o argumento de que a prática esportiva seria “incompatível com a natureza feminina”, refletindo os preconceitos da época.
Essa proibição durou até 1979, quando o governo finalmente revogou a lei. Em 1983, o futebol feminino ganhou regulamentação oficial, o que permitiu a criação de campeonatos e abriu caminho para a profissionalização da modalidade.
Clubes como Radar (RJ) e Saad (SP) lideraram esse processo pioneiro. Atletas como Marta, seis vezes eleita a melhor do mundo, Formiga, com participações em sete Copas do Mundo, e Cristiane, maior artilheira da história da Seleção, se tornaram ícones internacionais do futebol feminino brasileiro.
Em 2022, o Brasil atingiu 198 clubes femininos. O Nordeste liderou essa distribuição, com 32% das equipes, seguido pelo Sudeste (24%), Norte (21%), Centro-Oeste (13%) e Sul (10%).
🌟 Curiosidade extra: Mesmo após a proibição do futebol feminino ser levantada, a prática ainda enfrentou resistência ao longo dos anos. Foi só com o tempo e o empenho de jogadoras e clubes que o futebol feminino se consolidou como um grande esporte no Brasil.
8. Primeira Seleção Brasileira Feminina Oficial: 1988
O futebol feminino no Brasil passou por muitos desafios antes de conquistar o seu espaço. Embora o esporte já fosse praticado por mulheres desde os anos 1920, foi apenas em 1988 que o Brasil formou sua primeira Seleção Brasileira Feminina oficial.
A seleção foi criada com o objetivo de disputar o Women’s Invitational Tournament em 1988, um torneio experimental promovido pela FIFA na China. Essa competição representou um marco para o futebol feminino brasileiro, pois foi a primeira vez que o país enviou uma equipe nacional feminina para uma competição internacional oficial.
Compostas por jogadoras de clubes como Radar (RJ) e Juventus (SP), a seleção enfrentou grandes desafios, incluindo o uso de uniformes masculinos reaproveitados, já que não havia ainda material adequado para as mulheres naquela época.. Mesmo com essas dificuldades, a Seleção Brasileira surpreendeu a todos e conquistou o 3º lugar no torneio, após uma vitória nos pênaltis contra os Estados Unidos.
A participação nesse torneio pavimentou o caminho para a primeira Copa do Mundo Feminina, que aconteceu em 1991, onde o Brasil também teve uma performance de destaque. Desde então, o futebol feminino no Brasil tem crescido, e jogadoras como Marta, Formiga e Cristiane se tornaram ícones do esporte mundial.
🌟 Curiosidade extra: Apesar de ser um esporte praticado por mulheres desde a década de 1920, o futebol feminino só foi regulamentado oficialmente no Brasil em 1983, e, desde então, a modalidade só tem crescido, conquistando títulos e vitórias internacionais.
9. Mais de 700 Clubes Profissionais
Atualmente, o Brasil conta com 778 clubes profissionais de futebol em atividade. No entanto, apenas 56 desses clubes são reconhecidos pela CBF como formadores certificados, ou seja, com infraestrutura adequada para a formação de novos talentos. Antes de chegar à marca atual, o recorde era de 2009, quando alcançou 692 clubes em atividade.
A distribuição geográfica dos clubes no Brasil revela algumas particularidades regionais. O Sudeste abriga 29% dos clubes profissionais, um número que representa a menor participação histórica da região. O Nordeste segue de perto, com 28% dos clubes, enquanto o Norte atinge seu maior percentual histórico, com 15%. As demais regiões são distribuídas da seguinte forma: Sul (16%) e Centro-Oeste (13%).
Esses dados refletem a diversidade de clubes no Brasil e a importância de diferentes regiões no futebol nacional.
10. Maior Goleada e Maior Derrota da Seleção Brasileira masculina
A maior goleada da história da Seleção Brasileira foi um 14 a 0 contra a Nicarágua, em 1975. Já a maior derrota — e uma das mais marcantes — foi o 7 a 1 contra a Alemanha, na semifinal da Copa de 2014., disputada no Brasil.
Essas curiosidades sobre o futebol brasileiro mostram como o esporte está ligado à identidade nacional. Seja nas vitórias históricas ou nas batalhas pela igualdade no futebol feminino, o Brasil vive e respira futebol como nenhum outro país. Continue acompanhando para descobrir mais fatos sobre o esporte mais amado do país!
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